Neste exato momento, os olhos do mundo estão voltados à Copa do Mundo da Fifa, disputada no Catar. Apesar de muitas expectativas geradas pelo torneio, críticas dirigidas ao país-sede também foram levantadas, antes e durante a Copa. Aqui, coloquem-se: suspeitas de compra de votos na escolha do Catar como domicílio do evento e pesado repúdio da comunidade internacional quanto à violação de direitos trabalhistas naquela localidade – o país asiático é acusado pela Confederação Sindical Internacional de promover trabalho escravo nas obras da Copa do Mundo, algo negado pela organização do Mundial.

Outro bolsão de críticas ao país-sede da Copa é relacionado aos direitos da comunidade LGBTQIA+ e das mulheres. No Catar, a homossexualidade é ilegal e punível com apedrejamento, inclusive. E isso tem rendido manifestações dentro de campo por parte de Federações de futebol e de jogadores. Por outro lado, a FIFA tem procurado silenciar os protestos na cancha – certamente com receio de perder patrocinadores e de se indispor com os governantes locais.

Se desportistas ingleses, dinamarqueses e alemães têm desfilado posicionamentos políticos em terras asiáticas, o mesmo não se pode dizer da Confederação Brasileira de Futebol e de nossos atletas. À primeira, faltam moral e coragem; aos segundos, consciência política e de classe. A exceção fica por conta de Richarlison.

Autor de dois gols diante da Sérvia na estreia da Seleção Brasileira no Catar, o atacante brasileiro, nascido em 1997, é um ente político atuante fora dos gramados. Vale o registro: durante a pandemia, o atleta incentivou a vacinação, fez leilão para arrecadar fundos para pesquisadores da USP, protestou contra o racismo e tem sido voz potente na erradicação da pobreza.

Com essas atitudes, Richarlison se junta a muitos jovens da Geração Z, nascidos entre a segunda metade da década de 1990 e meados de 2010. Dentre muitos adjetivos, esses imberbes possuem acesso pujante à informação, são (ciber)ativistas, avessos a rótulos, são mais tolerantes, estão atentos a assuntos ligados a mudanças climáticas, injúria racial, desigualdade e desemprego. E são justamente essas pessoas que irão ditar os discursos do mundo nos próximos anos – criadores de conteúdo deste grupo estão em segundo lugar no quesito credibilidade, perdendo apenas para cientistas. Organizações que não atentarem para esse público perdem uma excelente oportunidade de surfar um fluxo positivo de mudança.

Para corroborar o que foi dito acima, o Relatório Especial Trust Barometer 2022 indica que 70% da Geração Z está envolvida com causas sociais e políticas; 63% dessa geração espera que a posição de uma marca sobre assuntos importantes esteja visível na hora da compra; 59% dessas pessoas deixam de comprar se não confiam na empresa por trás da marca – marcas são o resultado tanto da cultura interna quanto da demanda do consumidor, entendendo que o marketing, agora, não é mais vertical, e sim horizontal, ou seja, é construído junto aos compradores.

Por mais que seja um ponto fora da curva no tocante à Seleção Brasileira e seus atletas, Richarlison está muito alinhado com essa população que se posiciona frente a causas sociais e que não tem medo de ditar movimentos. Neste sentido, o atacante do Tottenham (Inglaterra) alarga sua marca perante o mundo, cria vínculos sólidos com torcedores brasileiros, conquista confiança e exerce influência positiva sobre antigas e novas gerações de aficionados.

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