A inovação está presente na sociedade, em várias áreas e segmentos. Muitos confundem inovação com novas ideias, belas concepções e teorias do que fazer ou como algo deveria ser. No entanto, inovação é mais do que a ideia; é a ideia aplicada, executada em processos, em produtos, em um novo jeito de olhar a sociedade, transformando, melhorando, recriando o mundo. Inovador não é quem tem boas ideias; inovador é quem tem a capacidade de, com uma boa ideia nas mãos, impactar seu entorno, agregando valor, seja econômico, social ou pessoal; é enfrentar e vencer os desafios, transformar, criar o novo.

Ao longo da história, desde a Idade Média, usa-se o termo inovação, seja para novas formas e técnicas de desenvolver trabalhos artísticos (como na renascença italiana), seja nas revoluções industriais na Inglaterra e Alemanha, seja na revolução das tecnociências, em especial nos Estados Unidos, no século XX. A inovação foi largamente abordada por Joseph Schumpeter, a partir de uma perspectiva econômica e de seu impacto nas empresas. Desde o final do século XX a inovação transbordou dos laboratórios científicos e tecnológicos nas universidades e nas empresas para a sociedade, emergindo novos conceitos, como os de inovação social e inovação aberta.

Na nova economia, pautada no conhecimento, muitos conceitos foram quebrados. Dentre eles, dos antigos distritos industriais nas cidades, como símbolo da dinâmica e do crescimento econômico e social. Um novo modelo de ambientes de geração de riqueza e crescimento econômico e social surge, envolvendo diretamente as universidades, utilizando nomes diferentes, mas envolvendo um significado comum: os Parques Científicos, Tecnológicos ou de Pesquisa.

Apesar de a qualidade dos espaços físicos ser muito mais moderna que a dos antigos ambientes industriais, os novos ambientes envolvendo pessoas com conhecimento e talentos envolvem fatores comuns, tais como: (a) participação de empresas de tecnologias e inovadoras, (b) relação com Universidades e Centros de Pesquisa, (c) serviços especializados qualificados, como gestão da propriedade intelectual, acesso a redes internacionais, contato com investidores e acesso a capital de risco, uso de laboratórios de pesquisa e desenvolvimento compartilhados, (d) espaços de convivência, descompressão e tecnologias limpas e (e) acesso a redes locais e globais, de negócios, de ciência e de tecnologias.

Esses Parques Tecnológicos, de Pesquisa ou de Ciências, incorporaram diversos mecanismos de geração de novos empreendimentos de base tecnológica, incluindo as incubadoras, as aceleradoras, os espaços de coworking e living labs. Destacam-se, nesses espaços, a percepção de que (a) são instituições híbridas, que abrigam empresas inovadoras de diversos portes e procedências, além de centros e laboratórios de investigação de instituições de ensino e pesquisa; (b) geram intervenções urbanas de impacto, com repercussões nos instrumentos públicos do seu ambiente, adensando o espaço urbano onde se localizam.

Ao longo do tempo, desde a ação pioneira da criação do Vale do Silício, na Califórnia, variantes do modelo vão surgindo e se desenvolvendo no mundo, como as Tecnópoles francesas, os Innovation Clusters, na Coreia do Sul, e os Innovation Districts e Technologies Clusters, nos Estados Unidos. Atualmente, os maiores Parques Tecnológicos do mundo estão localizados na China, Índia e Coreia do Sul, com forte ação dos governos nacionais desses países, que encontraram nesse modelo uma forma de estabelecer um novo ciclo de crescimento econômico e social para suas sociedades.

Atualmente, temos uma nova geografia da inovação no mundo, em que esses diferentes ambientes de inovação determinam o progresso das nações e apontam para um novo futuro para as sociedades onde estão localizados. Esse novo modelo, seja qual for sua variante de implantação, tem o talento das pessoas como a base para a nova economia. Talento em função do seu conhecimento e talento empreendedor, com capacidade para criar, inovar e transformar o mundo.

O conceito mais utilizado para entender esse novo ambiente é o da Tríplice Hélice (termo criado pelo Professor Henry Etzkovitz), que articula a indústria, os governos e as universidades em um mesmo ambiente, criando espaços de ações alinhadas com a nova economia, baseada no conhecimento. Abordagens mais recentes incorporam a própria Sociedade ou as Pessoas (cidadãos) como uma quarta hélice, gerando o modelo da Quádrupla Hélice.

Com o tempo, percebe-se que os Parques Científicos e Tecnológicos têm um importante papel na Sociedade e na Economia do Conhecimento. Não somente os Parques, mas também os diversos outros ambientes de inovação, sejam Tecnópoles, Clusters, Distritos ou Comunidades de Inovação.

Claramente, o modelo dos Parques Científicos e Tecnológicos está em transição, em direção a uma nova visão na área de ambientes de inovação. A abordagem precursora dessa mudança é analisada e apresentada em 2001 por Luis Sanz, ao identificar uma tendência no movimento de Parques que ele chamou de Learning Villages. Os principais elementos descritos foram: (a) negócios, (b) centros educacionais, e (c) áreas residenciais, todos no mesmo ambiente. Esse estudo identificou o conceito-chave que transformaria alguns anos mais tarde a percepção sobre os ambientes de inovação: um lugar para trabalhar e viver na Sociedade e Economia do Conhecimento.

Nesse sentido, há a convergência desses movimentos e ambientes para uma nova abordagem, entendendo a cidade como o locus da transformação e do novo modelo – criação de Áreas de Inovação e expansão do conceito de Parques Científicos e Tecnológicos -, a fim de estimular o viver e o trabalhar em um novo ambiente, inseridos na malha urbana, usando a tecnologia e a inovação para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Os Parques deixam de estar nas cidades, eles passam a ser a cidade. O mais importante deixa: de ser onde fazemos (espaço físico) e passar a ser o que fazemos.

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